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Enfermeira assume Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde

Cargo inédito deve ser exercido com perspectiva de raça e gênero, prometeu Sônia Barros.

A enfermeira, professora e mulher negra Sônia Barros foi nomeada neste mês para o recém-criado Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Titular de um cargo inédito, ela deve tomar posse na próxima semana e prometeu levar uma bagagem de perspectiva de gênero e raça na abordagem da questões de Saúde Mental no Brasil.

“O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) parabeniza a enfermeira Sônia Barros, intelectual orgânica com ampla trajetória na Saúde Mental. É uma nomeação histórica”, afirma a presidente do Cofen, Betânia Santos.

Sua nomeação é tratada como fato histórico por vários motivos. Em especial, por ser a primeira vez que um profissional não médico assume um cargo técnico deste nível no governo federal. Além disso, trata-se da estruturação inédita de um departamento voltado especialmente para os problemas da saúde mental no Ministério da Saúde.

Finalmente, quem assume o cargo é uma mulher negra considerada pioneira da reforma psiquiátrica, que teve sua história apagada pelo racismo estrutural e que encontra reconhecimento no novo governo (no ano passado, ela foi incluída em uma coletânea em livro sobre personalidades negras “esquecidas”).

Ela tem consciência da importância do momento e trata sua nomeação como oportunidade de levar à gestão da Saúde um olhar que aborde suas vivências. “Precisamos investir na Saúde Mental pela perspectiva de raça e cor e de gênero. Os dados mostram como estas populações vulnerabilizadas têm agravados seus problemas de saúde mental pela discriminação”, afirmou.

Histórico – Com quase 50 anos desde a graduação na Universidade Federal da Bahia,  Sônia desde os anos 1970 presenciou as mudanças no tratamento de psiquiatria e a reforma que priorizou tratamento ambulatorial em detrimento da institucionalização”. “Compreendi que a assistência psiquiátrica precisava ser revista, reformada, não dava conta das necessidades dos pacientes”, declarou Sônia.

Ela acredita que sua nomeação é um marco para a Enfermagem por ser a primeira vez que alguém não médico assume a direção de um departamento do Ministério da Saúde. Ela faz votos de que a notícia da sua indicação seja um marco para a categoria e que mostre que “podemos”. Ela dá à sua atuação um ar de retomada de práticas antimanicomiais que vinham se fortalecendo e acabaram sofrendo retrocessos desde 2016.

“Fiquei muito honrada de receber este convite. Temos uma missão de expandir os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de recuperar a rede de serviços comunitários, programa de geração de renda, cooperativas, são muitas coisas que precisamos retomar e precisamos investir em um programa de larga escala de educação continuada”, finalizou.

Fonte: Ascom – Cofen

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