No Dia Internacional da Mulher, enfermeiras reforçam desafios e conquistas da profissão

O Instituto Enfermagem de Valor,  por conta do Dia Internacional da Mulher, conversou com algumas das principais referências da enfermagem brasileira, trazendo diferentes perspectivas sobre os desafios e conquistas da profissão. A deputada Federal pelo Ceará e conselheira Federal do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Ana Paula Brandão; e a enfermeira obstetra e pioneira na humanização do parto no Brasil, Heloisa Lessa, foram as duas entrevistadas.

Porém, há outros nomes igualmente importantes na área, como o da professora e pesquisadora, Maria Helena Machado (IPEA); a enfermeira intensivista, Patrícia da Silva Souza; e a enfermeira e ativista social, Silvia Nunes, que também têm suas histórias de luta, resiliência e a incansável busca pela valorização da enfermagem.

Iniciando sua jornada na enfermagem como auxiliar, com muito esforço, Ana Paula Brandão formou-se na área graças ao financiamento estudantil do Governo. Atualmente, tem uma cadeira no Congresso Nacional como uma das principais vozes da categoria.

Para Ana Paula, a enfermagem é uma profissão majoritariamente feminina e historicamente ligada ao cuidado. “Nos últimos anos, com o aumento da força de trabalho da mulher no mercado, vemos também uma evolução na profissão. O piso salarial, por exemplo, foi um divisor de águas para essas mulheres, que, em sua maioria, são as provedoras do lar”, afirma.

Sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na enfermagem, Ana Paula relembra a pandemia da Covid-19 como um dos momentos mais difíceis. “Foi um período de medo e incerteza. Muitos de nós tiveram que comprar seus próprios EPIs, pois o sistema de saúde não estava preparado”, relata.

Para as mulheres que estão começando na profissão, seu conselho é claro: “Estudo, trabalho e foco para vencer!”.

Humanização do parto

Doutora em Enfermagem pela UFRJ, Heloisa Lessa se tornou uma referência na humanização do parto e na luta pela autonomia da enfermagem obstétrica. “A enfermagem sempre foi uma profissão de mulheres. Desde os anos 2.000, a atuação da enfermagem obstétrica cresceu muito, garantindo mais autonomia e qualidade no atendimento ao parto de risco habitual”, explica.

Heloisa enfrentou uma grande batalha judicial para garantir que enfermeiras obstétricas pudessem atender partos de forma autônoma. “O julgamento do STJ foi um marco. Conseguimos provar que temos competência para realizar toda a assistência do pré-natal ao pós-parto”, celebra.

Para ela, o maior desafio da enfermagem continua sendo a falta de reconhecimento. “Mesmo com nossa importância evidente na pandemia, isso ainda não se traduziu em valorização real. O piso salarial e a carga horária continuam sendo pautas essenciais”, pontua.

A força da enfermagem no Brasil

Tanto Ana Paula quanto Heloisa reforçam o papel fundamental das mulheres no sistema de saúde brasileiro, como enfermeiras. “Somos a maioria na Atenção Primária à Saúde, promovemos saúde e prevenimos doenças, muitas vezes sem condições mínimas de trabalho”, destaca Ana Paula.

Heloisa complementa: “A enfermagem está presente em todas as etapas do cuidado, da prevenção à reabilitação. Nossa atuação em saúde reprodutiva, por exemplo, tem sido fundamental para garantir acesso ao planejamento familiar e reduzir a mortalidade materna”.

Outros depoimentos inspiradores

Outra referência na enfermagem, a professora e pesquisadora, Maria Helena Machado, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), destaca que a luta das enfermeiras vai além do cuidado. “As enfermeiras são protagonistas na construção de políticas públicas de saúde. Precisamos continuar batalhando por melhores condições de trabalho e reconhecimento profissional”, afirma em entrevista ao Ipea.

Já a enfermeira intensivista e professora universitária, Patrícia da Silva Souza, que atua na linha de frente dos cuidados em UTI, reforça a necessidade de suporte emocional para as mulheres profissionais. “A pandemia evidenciou o quanto a saúde mental das enfermeiras precisa ser uma prioridade. Trabalhamos em condições de extrema pressão e, muitas vezes, sem o devido apoio”, alerta.

Por fim, a enfermeira e ativista social, Silvia Nunes, que atua em comunidades carentes, reforça o papel social e feminino da enfermagem. “A enfermagem vai muito além dos hospitais. Estamos presentes nas periferias, ajudando a população a ter acesso a cuidados básicos de saúde e dignidade”, ressalta.

O desafio continua. Todas concordam que a luta pela valorização da enfermagem deve ser constante. “Ser enfermeira inclui, além do trabalho assistencial, uma participação ativa na sociedade, em associações e órgãos de classe”, enfatiza Heloisa.

Neste Dia Internacional da Mulher, a trajetória de todas essas enfermeiras renomadas destaca a força, a resiliência e a importância das mulheres na enfermagem para a construção de um sistema de saúde mais humano e eficiente.

Como se capacitar

O Instituto Enfermagem de Valor oferece a oportunidade ao aluno interessado em se aprofundar na carreira e em estar bem qualificado e se tornar um profissional mais completo em enfermagem no Brasil.

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