Pesquisadores descobrem nova variante do HIV combinando subtipos predominantes no Brasil

Publicado em 20 de agosto de 2024
Pesquisadores descobrem nova variante do HIV combinando subtipos predominantes no Brasil

Um estudo liderado por pesquisadores do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, ligado à Universidade Federal da Bahia e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Hupes-UFBA/Ebserh) descobriu uma nova variante do vírus HIV (vírus causador da Aids) em circulação do Brasil. A nova cepa combina genes de dois subtipos do HIV, predominantes no Brasil, foi encontrada na Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

A descoberta é resultado de uma coleta de 200 amostras de sangue de pacientes com HIV que estão em acompanhamento no ambulatório de infectologia do Hupes-UFBA/Ebserh. Os resultados encontraram a nova variante, que combina genes dos subtipos B e C do HIV, predominantes no país.

“Estudamos as características genéticas do HIV em um grupo de pacientes de nosso ambulatório (Hupes-UFBA/Ebserh) e detectamos um vírus recombinante, mistura de dois vírus diferentes, em um paciente. Este recombinante já havia sido detectado em três outros pacientes em outros estudos e nosso achado demonstra que ele já circula na Bahia”, afirma Carlos Brites, professor da UFBA e coordenador do Laboratório de Infectologia do Hupes-UFBA/Ebserh, que colaborou com o estudo, em comunicado.

Os vírus recombinantes podem ser únicos, quando são encontrados em um único indivíduo que passou por uma reinfecção, ou recombinantes viáveis ou circulantes, quando se tornam versões transmissíveis. É o caso da nova variante descoberta, batizada de CRF146_BC.

A pesquisadora da UFBA, bióloga e co-autora do estudo, Joana Paixão, explica que é possível que o vírus também esteja presente em outras partes do país, mas ainda sem identificação.

“Vale ressaltar que nem sempre é possível a identificação de genomas recombinantes, porque eles são vírus que têm partes de um subtipo numa região do genoma e partes de outros subtipo em outra região. Para dizer com certeza se é um recombinante, em geral, é preciso ter a sequência completa do genoma viral. Então, é possível que não só essa, como muitas outras formas recombinantes, estejam circulando nas várias regiões do Brasil”, explica.